A ideia surgiu há menos de seis meses durante uma pesquisa sobre "temas emergentes". Estudante de Administração de uma faculdade privada de Ilhéus, Luzia Góes, de 26 anos, tinha duas opções, digamos, de extremos bem opostos, para desenvolver o trabalho acadêmico: escrever sobre o que definiu como bussiness da religião ou sobre o mercado do sexo. Optou pelo segundo. E não se arrepende. Hoje vai às aulas com uma maleta cheia de opções para os casais que buscam "apimentar" a relação. O kit de produtos eróticos - que vai de um simples gel e massageadores top de linha a fantasias eróticas, tornou-se um bom empreendimento. "Fiz um bom negócio". E ganha dinheiro com isso.
Luzia aposta em uma situação, digamos, delicada para alguns homens e algumas mulheres. Principalmente as mulheres: a exposição. "O início da minha venda é virtual. Na maioria das vezes a pessoa me liga, faz o pedido e vou pessoalmente entregar. Aqui na faculdade é que faço a maioria das minhas vendas diretas", explica. O sigilo, o cuidado em preservar o cliente, pode estar refletido no perfil da clientela dela. 80 por cento são mulheres. "As mulheres se preocupam mais com as preliminares do sexo mas muitas vezes têm vergonha de entrar num sex shop", sentencia.
Os produtos mais vendidos? A resposta é rápida. "Os homens preferem os masturbadores, os géis lubrificantes. As mulheres se deliciam com as fantasias, os géis térmicos, as cápsulas beijaveis, as calcinhas comestíveis, os vibradores..", garante. Os seus produtos oscilam de 8 a 300 reais, preço das bonecas infláveis e dos masturbadores importados e, a depender da compra, ainda divide, sem juros, no cartão de crédito.
Casada há oito anos, Luzia diz que o contato direto com homens e mulheres com um tema ainda cheio de preconceitos, não lhe causa nenhum constrangimento e nem influencia na relação familiar. Trata o assunto sem barreiras e até explica aos compradores como usar cada um dos produtos ou acessórios que vende. "Meu marido é, inclusive, investidor no negócio. Entrou com dinheiro para a compra dos produtos", explica.
E para quem acha que Luzia está sozinha no negócio, ledo engano. O mercado do sexo, ao mesmo tempo que é sigiloso com os protagonistas das fantasias, vê os seus serviços se espalharem como rastilho de pólvora. Foi assim com a estudante de Ciências Contábeis, Cíntia Carvalho. Em Brasília, onde morou, ela ajudou uma amiga a decorar o quarto para uma "noite de prazer" com o namorado. A experiência, ela repetiu com uma outra amiga, quando veio morar em Ilhéus. A ajuda se transformou em negócio. O resultado foi tão bom que, de boca a boca, ouvido a ouvido, a notícia se espalhou e ela começou a ser convidada por casais para decorar ambientes em residências e hotéis. Há cinco anos, tornou-se uma microempresária.
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