A brasileira Thalita do Valle, de 39 anos, modelo, socorrista, estudante de Direito e combatente em conflitos internacionais, que morreu em Kharkiv, na Ucrânia, no último fim de semana, junto com outro brasileiro, Douglas Búrigo, lutando contra as tropas russas, não estava no front pela primeira vez. A paulista, natural de Ribeirão Preto e que foi atriz na infância, já tinha ido à guerra contra o Estado Islâmico em território iraquiano e sírio, no chamado Curdistão, região que abriga o povo curdo, sem estado formal, e que engloba áreas de vários países do Oriente Médio.
Por lá, segundo vídeos publicados em suas redes sociais e num livro que teria sido escrito por ela e um outro autor, informações dão conta de que, ao integrar o chamado “peshmerga”, a unidade militar formada pelos curdos para defender seu território, Thalita se especializou em tiros de longa distância e de precisão, tornando-se uma atiradora de elite, ou seja, uma sniper. Há inúmeros vídeos e fotos da modelo fardada e com armamentos de todo tipo, desde fuzis até lança-foguetes antitanque, e em vários países diferentes.
Um irmão de Thalita, identificado como Théo, em entrevista ao portal Uol, disse que ela era uma “progressista genuína defensora da paz” e que entrava em combate estritamente porque havia um “contexto de guerra” nessas nações. Seu irmão falou ainda que “a função primária (de Thalita) era fazer o resgate, mas também fazer a proteção, dando cobertura para quem está avançando, como atiradora de precisão”.
Integrante da comissão dos Direitos dos Imigrantes e Refugiados da OAB-SP, Thalita atuava também em ONGs de defesa dos animais e participou no resgate de sobreviventes e corpos nas tragédias de Mariana, em 2015, e de Brumadinho, em 2019, quando barragens de mineradoras ligadas à Vale romperam, matando quase 300 pessoas no total.
REVISTA FORUM
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