OS NOVOS PREFEITOS E AS MÍDIAS
Por Emílio Gusmão
Em 2004, quando Jabes Ribeiro deixou o Palácio Paranaguá, as assessorias de comunicação social lidavam apenas com jornais, tvs e emissoras de rádio.
O jornalista Valério de Magalhães, na época assessor de imprensa da prefeitura de Ilhéus, costumava aconselhar os profissionais alinhados: “quando tiver críticas bata no secretário, mas nunca bata no prefeito”.
Essa forma de atuação não era comum apenas em Ilhéus. Pelo interior do Brasil, nas cidades onde os veículos de comunicação dependem principalmente das verbas municipais, a prática sempre foi normal.
Hoje a situação é bem diferente e requer novos cuidados.
Os blogs – muitas vezes editados por cidadãos comuns alheios às lições do jornalismo – pautam a imprensa convencional.
Nas redes sociais, os “amigos” ou “seguidores” produzem informações a todo momento. Saem na frente com os “furos” facilmente disseminados por mensagens curtas, digitadas nos tablets ou smarts phones.
Os jornalistas perderam o monopólio da informação e cada celular é uma máquina fotográfica ou filmadora em potencial (certezas que já pertencem ao senso comum).
Sendo assim, como vão atuar as secretarias de comunicação que objetivam o abafamento de críticas ao prefeito?
Rádios, tvs e emissoras de rádio são mais sensíveis às verbas oficiais. Nesse campo, é possível deixar tudo “amarradinho”.
O “problema” é a internet, onde o conceito de liberdade foi redimensionado.
Se todos os blogs de uma cidade assumirem a chapa branca, outros novos surgirão dando voz aos insatisfeitos.
Nas redes sociais, os cidadãos descontentes podem opinar e criticar à vontade. O facebook tornou dispensável as sessões de comentários dos blogs.
No face, apenas a justiça pode moderar. Entretanto, o hábito corriqueiro de processar membros do facebook pode desencadear resultados ainda mais adversos, como a propagação em massa de “fakes” ou o estímulo de ondas virais de insatisfação e protesto.
Os governos só têm um caminho: promover administrações excelentes e bem conceituadas junto à população.
Dessa forma, as críticas não vão cessar totalmente, mas a quantidade será bem menor.
Maquiar a realidade por meio de releases e verbas oficiais polpudas já não é mais possível.
Uniformizar (ou enquadrar) os discursos dos principais veículos não é tarefa muito difícil, mas nada impede o contraponto do cidadão comum, certo de que a qualidade dos serviços públicos não é satisfatória, consciente da grande distância entre a realidade que bate a sua porta, das fantasias publicadas nos veículos de comunicação tradicionais.
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