terça-feira, 28 de outubro de 2014

O desserviço do eleitor radical na democracia

Todo radicalismo é bastante imbecil. A História bem o demonstra. Vesgo, não enxerga coisas lógicas nem sabe sopesar valores. Surdo e obnubilado, não ouve com interesse nem sabe aprender, evoluir. E mentalmente tosco, não consegue refletir, acessar um nível mínimo de inteligência que o salvasse da teimosia violenta, da intolerância. Este é o triste e difícil ser humano radical. Uma 'opção' para lá de discutível.
O uso teórico do radicalismo como método político e social, sem considerar sua forma mãe mais boçal e violenta – a religiosa -, aparece, historicamente, na política de esquerda. Assim foi com o Individualismo incondicional e o antifederalismo dos conservadores americanos, identificados como direita radical. Originariamente, na Inglaterra data de 1640 com a facção dos Levellers, na Guerra Civil, defendendo a soberania e os direitos populares dos 'ingleses livres'.
A eleição de 2014 no Brasil possibilitou a triste identificação do eleitor radical ligado ao PSDB. E claro, com suas diferenças visíveis ao seu colega, o radical do PT. Um traço metodológico se apresenta alvissareiro. Talvez pela análise do radicalismo no eleitor se consiga traçar análises das diferenças PT-PSDB.
Uma palavra parece ser a chave teórica na diferença: 'classe'. Não propriamente o conceito bipolarizado de 'luta de classe' em Marx e Engels, basicamente do Manifesto Comunista, 1848. Mas um outro, bem mais elástico, o de Max Weber, aceitando variações, por exemplo 'oportunidades na vida', e divisões, por exemplo 'status' e 'poder'. A classe em Weber seria um estudo mais contemporâneo.
Seria simplismo querer o eleitor do PSDB rico e o do PT pobre. Ainda que o que se tenha visto em São Paulo capital, em grande parte, tenha sido mais ou menos isto. Como sê-lo-iam as divisões que meramente levassem em consideração este fator, o econômico. Mas há que se reconhecer, sem farisaísmos ou hipocrisias, que a via de atração para esta vala – a econômica – é fortíssima. Grandes teóricos da atualidade brasileira como Marilena Chaui continuam aceitando a 'classe' como elemento fundante e explicador.
Lobão disse que se Dilma Rousseff vencesse sairia do país. Aí está um radicalismo intelectualmente pueril. Quase bambi. Toda aquela cara de ex-menino-mau, agora já velhusca e chapiscada por cabelos brancos, mostram um lobo de dentadura perdida. Mas ele já se corrigiu: disse que não vai abandonar o país. Que bom.
Se esse radicalismo-mídia é amador, até porque Lobão não é mentalmente interditável, atitudes assim estimulam ódio em verdadeiros acéfalos de plantão. Como se houvesse uma ditadura ou um Estado totalitário, coisas tecnicamente absurdas de se falar. Tem-se uma democracia plena e, admita-se, amadurecida.
Gostar ou não gostar do PT ou do PSDB é um direito de cada um. Nem se trata de 'patrulhar' os radicais. Cada um que seja o que quiser. Mas certos conceitos jurídicos, sociológicos ou históricos não podem ser deturpados. Será ignorância, dos imbecis; ou cinismo, dos canalhas.
Qual o problema do radical? Aceitando-se só teoricamente a polarização, o radical do PT, por exemplo, quereria excluir o do PSDB do cenário democrático, vendo-o como inimigo que precisa ser extinto. Um erro de intolerância crasso se consideradas as democracias evoluídas e estabelecidas. Saber coabitar com o 'outro', é aceitar as diferenças. Já o radical do PSDB faria de tudo para imprestabilizar a governança do PT e a própria paz social, inclusive utilizando métodos pedagógicos de ensino deturpado a crianças e novas gerações.
Fica o Brasil esquecido, em último lugar, nesta guerra de radicais e seu messianismo portátil. Para estes não é o Brasil que importa, mas a derrota do outro, o aniquilamento do 'inimigo'. Algo como torcidas beócias de futebol matando-se mutuamente.
O radical não se atém ao problema, mas inventa um adversário. O Estado brasileiro continua imerso em problemas. O de décadas: sua vocação interminável para a desonestidade com o dinheiro público. 'Autoridades' cínicas assaltando o erário inventando auxílios moradias larápicos e esbórnicos, zombando do mundo, sabendo que a sociedade não se levanta. Ora, cadê os 'radicais' que não teorizam, não criticam, não reagem?
O radical é um estopim de ignorância, não presta para nada. É um cachorro que se tirar a focinheira morde qualquer um e ao dono só sabe lamber. O PSDB mostrou seus eleitores radicais agredindo e humilhando pela mão do poder financeiro; uma intolerância perversa para com pessoas humildes. Esta gente, radical, seja de que partido for, ainda precisa melhorar muito.
Do Blog Observatório Geral


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