segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Paleterias não sobrevivem nem mesmo a um inverno quente

Resultado de imagem para paleta mexicanaA moda passou, a temperatura caiu, o dinheiro minguou. O que era um negócio promissor no ano passado virou mico em 2015. As paleterias, lojas de picolé gourmet que antes atraíam filas, hoje brigam para atender a meia dúzia de clientes por dia. Há unidades fazendo saldão de picolés: de 12 reais por 2,50. Há 30 anos no ramo de sorvetes, o empresário Luiz Svartman mantinha uma sorveteria em Moema, bairro nobre da zona Sul de São Paulo. Ao observar as filas quilométricas na paleteria vizinha, pensou em também aproveitar essa oportunidade - aparentemente tão lucrativa. "Entrei na paleta porque era uma onda muito forte e eu tinha de surfar nela", disse. O problema é que muitos empreendedores tiveram a mesma ideia, nos mesmos bairros, de olho no mesmo público.
As coisas foram bem para o empresário nos primeiros meses de trabalho. No verão de 2015, as paletas eram vendidas, literalmente, como água em tempos de racionamento. Para não perder o público dos bloquinhos de carnaval, inovou criando picolés de vodka com energético. Ele garante que a ideia agradou ao público jovem. Porém, nem o outono quase tão quente como o verão foi suficiente para conter a queda fulminante nas vendas. Em março, as portas já estavam fechadas. "O movimento não justificava o pagamento dos funcionários e do aluguel", explicou.
Somente no bairro da Vila Madalena, três das cinco paleterias abertas no ano passado fecharam. Dos antigos estabelecimentos, restaram apenas as pinturas espalhafatosas, os motivos mexicanos e as placas com nomes em castelhano. Tudo isso por que o México é a pátria das paletas, a palavra local para picolé. Nem mesmo lojas de shopping centers escaparam do destino fatal. No Pátio Paulista, um quiosque e uma loja do mesmo proprietário fecharam no último mês.
As paleterias se enquadram nos dados da última pesquisa da consultoria Serasa Experian, que mostra que as micro e pequenas empresas puxaram a expansão do número de falências nos primeiros sete meses do ano. De 627 requerimentos de falência - o recorde para o período em nove anos -, 499 foram feitos por micro e pequenos empresários, geralmente os mais vulneráveis a tempos de crise. Apesar do cenário pouco animador, a Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes (ABIS) informou que o consumo de sorvetes cresceu 8%, para 1,3 milhão de litros, no ano passado. O que mostra que o preço, mais do que a sazonalidade, pode ter influenciado a queda dos negócios. VEJA

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