sábado, 10 de abril de 2021

Cenário é favorável para compra e aluguel de imóvel

Sim, a compra de um imóvel exige planejamento e deve levar em conta uma série de fatores. Para quem está na dúvida se, neste momento, permanece no aluguel ou parte para a casa própria, a resposta dos especialistas é que “as duas coisas” podem ser um bom negócio.

Com as taxas de juros mais baixas da história (6,9%, em média), oferta de crédito em abundância, além de preços mais em conta, a conjuntura atual é das mais favoráveis para quem cogita a compra de um ‘apê’. Os números comprovam.

Ao mesmo tempo, com a crise econômica instalada, alto índice de unidades vagas, e reajuste quase que na casa do zero, o aluguel segue permitindo uma maior negociação por parte de proprietários e inquilinos.

“O momento exige cautela, não sabemos do futuro. Se vamos manter renda, emprego. Trata-se de uma compra de alto valor agregado. Mas as condições (atuais) são boas”, afirma o diretor executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira.

“Se (o investimento) estiver programado, a hora é essa. Há muita oferta. E a recente elevação da Selic (taxa básica de juros) não vai afetar o financiamento de imediato. Quanto ao aluguel, esse é um bom momento também, pois o inquilino tem o poder de barganha. Tem muito imóvel vago, gente que morava só e teve de voltar para a casa dos pais, empresas que devolveram imóvel de funcionários”, fala.

O financiamento imobiliário com recursos das cadernetas do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) bate recorde na pandemia e, em fevereiro, alcançou R$ 12,4 bilhões, – o maior para o mês desde 1994, quando a Associação das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) iniciou a contagem.

O valor é 1,2% superior ao mês de janeiro e quase o dobro do registrado em fevereiro de 2020 (95,3%). A alta é de 83% no acumulado dos dois primeiros meses deste ano (R$ 24,7 bilhões) sobre igual período de 2020.

No total de 12 meses até fevereiro, o montante custeado atingiu R$ 135,19 bilhões, com alta de 64,4% sobre o período anterior. Entre janeiro e fevereiro foram financiadas 105,69 mil unidades no país.

Na Bahia, segundo dados da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi), nos dois primeiros meses do ano foram comercializadas 1.270 unidades, 36% a mais que o mesmo período de 2020 (932).

Para o presidente da Ademi-BA, Cláudio Cunha, melhor ainda é “comprar e pôr para alugar”, fazendo referência às boas condições para o investimento, à queda da rentabilidade de aplicações financeiras tradicionais, e a melhor remuneração com o aluguel.

“Para morar é uma super oportunidade. Taxa Selic em 2,75% e nenhuma alteração dos juros do financiamento, novas modalidades de crédito, o consumidor pode escolher o melhor. Crédito em abundância”, conta.

“Por outro lado você tem uma grande quantidade de lançamentos, produtos atendendo às novas demandas de moradia. Só no segundo semestre de 2020 foram lançadas em Salvador 3.393 unidades, número 477% maior que no primeiro semestre. As vendas no ano passado foram 14% maior que em 2019”.

De olho nas chances

Planejador financeiro pessoal, o economista Edisio Freire destaca que o grande lance é ficar de olho nas oportunidades (comerciais). Ele frisa que as taxas de juros do financiamento são as mais baixas mesmo com o aumento da Selic, mas que também o aluguel se mostra uma boa opção na conjuntura atual.

“Em ambos os casos, os preços estão abaixo do valor de mercado, então é ficar de olho na oportunidade”, diz.

Ainda de acordo com Freire, a remuneração tanto do aluguel como de produtos financeiros conservadores, como Tesouro Direto, CDB e Letras de Crédito, giram atualmente em 0,5% ao mês, com a diferença que o imóvel valoriza com o passar do tempo. “O patrimônio tende a valorizar com o tempo”.

Na avaliação da presidente da Abecip, Cristiane Portella, o mercado imobiliário vive um “momento paradoxal”, com recorde de vendas e financiamentos em plena pandemia. Segundo ela, 2021 deve repetir o feito.

“O mercado passa por recuperação e até expansão, por uma conjunção de fatores, déficit habitacional, taxas de juros baixas, preços mais em conta, e se recompondo muito lentamente desde 2014, mais a valorização (percepção) da casa como um local seguro, agora também de lazer, de pequenas reuniões familiares”.

“Quem vinha na batida planejando a compra, e não teve a renda afetada pela pandemia, foi adiante e concretizou o negócio. A taxa média do juro do financiamento está em 6,9%. Em 2017, era 11%, 11,4%”, conta.

Aos 28 anos, a engenheira civil Paula Nunes até que simulou o financiamento de um imóvel, mas terminou optando pelo aluguel de um quarto e sala, em fevereiro. Segundo ela, pesou exatamente o “momento”. Mas o dela, e não do mercado.

“Cogitei, simulei uma vez, mas percebi que no meu momento a compra não é vantagem. Não constituí família ainda, não há nada que me prenda aqui (em Salvador). Fora que hoje um apartamento de uma quarto me satisfaz, mas daqui uns anos provavelmente não mais”.

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