domingo, 8 de maio de 2022

Pesquisadores encontram as rochas mais antigas da América do Sul na região de Piritiba. Material data de 3,65 bilhões de anos


 Como a história de vida de uma pessoa ou família fica registrada em documentos, imagens e objetos, a memória do passado distante do planeta é preservada nas rochas. Por terem atravessado vários processos de deformação ao longo das eras geológicas, as rochas muito antigas, especialmente as de idade superior a 3,5 bilhões de anos, ocorrem muito raramente expostas na superfície. São, portanto, difíceis de achar e estudar.

Um grupo de pesquisadores brasileiros encontrou no município baiano de Piritiba, na região da Chapada Diamantina, as rochas mais antigas da América do Sul. Com 3,65 bilhões de anos de idade, elas datam do Eoarqueano, a primeira era da escala geológica a abrigar uma crosta sólida no ambiente terrestre, que abrange o período entre 4 bilhões e 3,6 bilhões de anos atrás. Quando essas rochas foram formadas, a Terra tinha pouco menos de 1 bilhão de anos e as primeiras formas de vida estavam surgindo.

“Encontrar amostras geológicas tão antigas em uma região tropical como a nossa é quase um milagre”, diz o geólogo Elson Paiva de Oliveira, do Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (IG-Unicamp), coautor do estudo que conta os detalhes da descoberta, publicado em fevereiro deste ano na revista Geoscience Frontiers. Nas áreas mais próximas ao Equador, o processo de erosão e desgaste de formações rochosas é potencializado pelo clima quente e chuvas abundantes e torna ainda mais rara a preservação de amostra tão antiga. Os materiais conhecidos mais antigos da Terra são oriundos de Jack Hills, na Austrália, com até 4,4 bilhões de anos, e de Acasta, no Canadá, de pouco mais de 4 bilhões de anos.

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