quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Megaoperação já soma 103 mortos e 81 presos; baianos estão entre os alvos

 

Integrantes do Comando Vermelho com origem em Salvador e em diversas cidades do interior baiano estão em alerta após a Operação Contenção, que resultou em pelo menos 103 mortes — entre elas quatro policiais — e 83 prisões. A ação é considerada a mais letal da história do estado, segundo o Palácio Guanabara.

A operação, iniciada ainda na madrugada, mobilizou cerca de 2,5 mil agentes das forças de segurança do Rio de Janeiro com o objetivo de cumprir 100 mandados de prisão contra integrantes do Comando Vermelho (CV). Ao perceberem a chegada da polícia, criminosos reagiram com tiros e incendiaram barricadas para impedir o avanço das equipes. Um vídeo divulgado mostra o som de quase 200 disparos em apenas um minuto, em meio a colunas de fumaça.

Os criminosos ficaram encurralados no auge do confronto. Com medo de serem executados, pediram a uma moradora que registrasse a cena em vídeo, como forma de assegurar que se entregariam e que os agentes não atirariam. O episódio ilustra o clima de tensão que tomou conta das comunidades durante todo o dia.

Ao longo da tarde, o tráfico organizou represálias em diferentes pontos da cidade. Veículos foram incendiados e usados para erguer barricadas em vias importantes, como a Linha Amarela, a Grajaú-Jacarepaguá e a Rua Dias da Cruz, no Méier. O Rio viveu horas de caos e medo, com escolas e postos de saúde fechados e o trânsito completamente afetado.

O Centro de Operações e Resiliência (COR) elevou o estágio operacional da cidade para o nível 2, em uma escala de 5. A Polícia Militar colocou todo o efetivo nas ruas e suspendeu as atividades administrativas.

Entre os mortos estão os policiais Marcus Vinícius Cardoso de Carvalho, de 51 anos, chefe de investigação da 53ª DP (Mesquita); Rodrigo Velloso Cabral, de 34 anos, da 39ª DP (Pavuna); e os policiais do Bope Cleiton Serafim Gonçalves e Herbert.

As forças de segurança apreenderam 97 fuzis, duas pistolas e nove motocicletas. Entre os presos estão Thiago do Nascimento Mendes, conhecido como Belão do Quitungo, apontado como um dos chefes do Comando Vermelho, e Nicolas Fernandes Soares, suposto operador financeiro de um dos líderes da facção, Edgar Alves de Andrade, o Doca ou Urso.

O secretário de Segurança Pública do Rio, Victor Santos, afirmou que a operação foi planejada com antecedência e não contou com apoio do governo federal. Segundo ele, cerca de 280 mil pessoas vivem nas áreas afetadas. “Lamentamos profundamente as pessoas feridas, mas essa é uma ação necessária, planejada, com inteligência, e que vai continuar”, declarou.

Conforme apuração do Informe Baiano, pelo menos sete criminosos da Bahia já foram localizados. Um deles, identificado como Júlio Souza Silva, de 30 anos, natural do Nordeste de Amaralina, em Salvador, teve a morte confirmada. Júlio já havia cumprido pena no Complexo Penitenciário da Mata Escura e estava em regime semiaberto.

Fontes do IB também apontam que morreram os traficantes conhecidos como “Esquilo”, “Mazola” e “DG”, todos de Feira de Santana. O criminoso “FB”, apontado como o chefão do CV no território do Portal do Sertão, foi baleado e não há informações sobre o seu estado de saúde. “Matarindo”, também de Feira, teria sido ferido durante os confrontos. Um outro homem da Bahia, apelidado de “Siri”, de Portão, em Lauro de Freitas, foi preso.

Entre os demais baianos monitorados pelas forças de segurança estão “Buel” ou “Cris” (Tancredo Neves), “Galo Preto”, “Zoi de Gato”, “Surfista” (Nordeste de Amaralina), “Tio Chico” (Recôncavo e Ilha de Itaparica), “RF” (Feira de Santana) e “Tchuck” (Rio Sena).

A maioria dos fugitivos oriundos da Bahia se abriga em comunidades dominadas pelo Comando Vermelho no Rio de Janeiro. Os grupos mais expressivos são formados por criminosos do Nordeste de Amaralina, Cosme de Farias, Tancredo Neves, Portão (Lauro de Freitas), Feira de Santana, Ilha de Itaparica e região do Recôncavo.

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