Uma crise sem precedentes rachou a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Em votação vencida pelas instituições privadas, lideradas por Bradesco, Itaú Unibanco e Santander, a entidade assinará um manifesto em apoio à democracia. O documento, intitulado “A praça é dos Três Poderes”, conta com o apoio de várias representações do setor produtivo.
Contrários à adesão ao manifesto, o Banco do Brasil e a Caixa decidiram romper com a Febraban, conforme antecipou o colunista Lauro Jardim, de O Globo, informação confirmada pelo Blog com dois banqueiros e dois integrantes do governo. O rompimento do BB e da Caixa recebeu o aval do presidente Jair Bolsonaro, do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
No governo, o manifesto, organizado pelo presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, é visto como um “acinte”, pois, segundo assessores do Palácio do Planalto, “tem o claro objetivo de atingir o presidente Bolsonaro”. Para esses auxiliares do presidente, a pressão política sobre o governo é “inaceitável”. Eles dizem que Bolsonaro “tem o direito de confrontar os excessos cometidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF)”.
Movimentos golpistas
Bancos e empresas estão muito preocupados com os movimentos golpistas liderados pelo presidente da República. Neste sábado (28/08), ele disse, em Goiânia, que “só existem dois Poderes, o Legislativo e o Judiciário”. E que só há três alternativas para seu futuro: “Ser preso, morto ou a vitória (em 2022)”.
“As entidades da sociedade civil que assinam este manifesto veem com grande preocupação a escalada de tensões e hostilidades entre as autoridades públicas. O momento exige de todos serenidade, diálogo, pacificação política, estabilidade institucional e, sobretudo, foco em ações e medidas urgentes e necessárias para que o Brasil supere a pandemia, volte a crescer, a gerar empregos e, assim, possa reduzir as carências sociais que atingem amplos segmentos da população”, diz um dos trechos do manifesto.
Tanto os bancos quanto as empresas afirmam que o governo se transformou em uma central de crises, e isso está minando a capacidade do país de retomar o crescimento econômico. O Planalto rebate: diz que a economia está em franco processo e recuperação e criando milhares de empregos formais. “O que temos visto é que a Febraban e outras entidades passaram a fazer ativismo político”, diz um integrante da equipe econômica.
Em nota enviada ao Blog, a Febraban diz que “não comenta sobre posições atribuídas a seus associados”. E ressalta: “Sobre o manifesto articulado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e dirigido a várias entidades, o assunto foi submetido à governança da Febraban”.
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