O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a participar, neste domingo (31), de uma manifestação pró-governo em Brasília na qual participantes criticaram o STF (Supremo Tribunal Federal) e defenderam uma intervenção militar -- o que é inconstitucional.
Bolsonaro sobrevoou o ato de helicóptero e depois pousou nas imediações do Palácio do Planalto. O voo foi transmitido ao vivo em sua página pessoal no Facebook.
Sem máscara, o presidente percorreu a pé a cerca de proteção em frente à residência oficial acenando para os manifestantes. Em seguida, montou em um dos cavalos da cavalaria da Polícia Militar e desfilou diante dos apoiadores.
Uma das faixas exibidas por militantes pró-Bolsonaro falava em "Marcha da família com Deus pela liberdade" -- conjunto de passeatas contra o governo João Goulart (1961-1964) que precederam o golpe militar de 1964.
O ato provocou aglomeração de pessoas nas imediações do Palácio do Planalto, o que vai contra as recomendações das autoridades de saúde para conter o contágio da Covid-19. No sábado (30), o Brasil se tornou o quarto país com mais mortos pela doença, com 28.834 vítimas fatais. Já são quase 500 mil casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus entre brasileiros.
Além da reunião de apoiadores de Bolsonaro na frente da sede do Executivo, militantes pró-governo também realizaram uma carreata ao longo da Esplanada dos Ministérios.
Os manifestantes também portavam cartazes falando em "Ditadura do STF" e a favor da liberdade de expressão, em uma aparente resposta à operação autorizada pelo Supremo para investigar aliados do presidente que atuariam para disseminar informações falsas e ameaças contra a Corte.
Durante a semana, Bolsonaro tratou a operação como um ataque à liberdade de expressão e afirmou que o inquérito sobre fake news aberto e conduzido pelo STF seria "inconstitucional".
Ao autorizar a operação, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, disse que direitos individuais devem operar "dentro dos limites impostos" pela lei. Segundo o juiz, existe "a real possibilidade de existência de uma associação criminosa" voltada para "a disseminação de notícias falsas, ataques ofensivos a diversas pessoas, às autoridades e às Instituições, dentre elas o Supremo Tribunal Federal, com flagrante conteúdo de ódio, subversão da ordem e incentivo à quebra da normalidade institucional e democrática."
A "associação criminosa" seria o "gabinete do ódio", grupo de servidores lotados no Palácio do Planalto ligados ao vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do presidente.
Em abril, após um protesto semelhante -- pró-governo e em defesa do golpe militar -- Bolsonaro rechaçou ser associado com pedidos para fechamento do Congresso Nacional e do STF, assim como para a edição de um novo AI-5 (Ato Institucional nº 5), um dos atos mais autoritários da ditadura militar (1964-1985).
"Não tem essa conversa de fechar nada. Dá licença aí. Aqui é democracia. Aqui é respeito à Constituição Brasileira", disse o presidente na ocasião.
CNN BRASIL
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