As peças do xadrez político na Bahia já estão definidas e prontas para o jogo eleitoral. Ainda que algumas legendas, como o PR e o PMN, tenham deixado para fazer suas convenções amanhã - no limite do prazo legal -, já se sabe que seis chapas majoritárias vão disputar a sucessão estadual e uma vaga no Senado no pleito de outubro.
A eleição deste ano vem carregada de simbolismos e desafios. O governador Jaques Wagner - o primeiro petista a quebrar a hegemonia carlista no estado e único governante por dois mandatos consecutivos - não mede esforços para eleger o seu sucessor e perpetuar o legado construído pelos governos do PT na Bahia e no Brasil.
O escolhido por Wagner, o deputado federal Rui Costa (PT), que foi secretário de Relações Institucionais e da Casa Civil em seu governo, ainda é pouco conhecido do eleitor e pontua na terceira colocação nas pesquisas.
"O governador conseguiu repetir a aliança de partidos de centro-esquerda e de centro que tem sido a condição de vitória desde Waldir Pires, que se elegeu (1986) com o MDB se aliando a dissidentes do ex-PFL", lembra o professor de sociologia da Ufba e cientista político Joviniano Neto.
É com a essa tropa, e fazendo uso do tempo maior que terá de propaganda na televisão, que Rui vai tentar se tornar conhecido do eleitor. Mas não só, diz o professor. "Para sair vitorioso, Rui terá de ser reconhecido como capaz de manter e aprofundar o que de bom tem sido feito nos governos de Lula, Dilma e Wagner".
Do outro lado do tabuleiro, a maior liderança do DEM na Bahia, o prefeito de Salvador ACM Neto, conseguiu juntar dois candidatos da oposição derrotados pelo PT na última eleição: o ex-governador Paulo Souto (DEM), líder nas pesquisas de intenção de voto e cabeça da chapa majoritária, e o ex-ministro no primeiro governo Lula Geddel Vieira Lima (PMDB), candidato ao Senado.
Os dois se aliam com o objetivo de definir um novo polo de oposição na Bahia, com a meta de dar uma virada no jogo que o governo petista acredita já esteja jogado.
Uma das estratégias da oposição, segundo Joviniano Neto, será aproveitar o maior conhecimento que o eleitor tem dos dois candidatos majoritários, em contraposição ao candidato governista.
O desafio da chapa liderada pelo DEM, pontua Joviniano, é convencer o eleitor que, a partir de coisa boas construídas no passado, se poderá enfrentar melhor desafios do presente - caso da segurança.
Correndo por fora, a chapa puro-sangue representada pelo PSB surge para atender o eleitor que não quer a volta do passado, com o DEM, e está incomodado com o presente, o atual governo, e a hegemonia do PT sobre o quadro partidário.
Encabeçada pela senadora Lídice da Mata, que apareceu na segunda posição na única pesquisa até agora realizada, e tendo como candidata ao Senado a ex-ministra do STJ, Eliana Calmon, esta chapa, na avaliação de Joviniano Neto, tem condições de capitalizar "o bônus" das coisas boas do governo Lula, Dilma e Wagner, sem "o ônus" deles.
"É como se dissessem: 'nós participamos do processo, mas não nos envolvemos nos deslizes'", compara o professor. O obstáculo da chapa é transformar o pouco tempo na TV em proposta direta capaz de mobilizar o eleitor.
Sem chances de vitória, mas fazendo barulho no meio do jogo eleitoral, as chapas lideradas pelos chamados nanicos chegam para marcar posição. "As candidaturas do PSOL e do PSTU tentam mostrar as fraquezas do capitalismo e da política que se aplica no país, especialmente pelo PT", diz Joviniano. Já o candidato do PRTB usa da projeção individual para criticar o sistema político.
ATARDE