O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar e atacar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em uma live realizada neste sábado (15/2) com bolsonaristas que moram nos Estados Unidos. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, deve apresentar denúncia contra ele por liderar grupo criminoso que tentou dar golpe de Estado.
"Eles (TSE) fizeram uma campanha, aí sim, pode ter dinheiro de fora", disse Bolsonaro, sem apresentar provas que indiquem que o órgão tenha recebido dinheiro estrangeiro para uma campanha de cidadania para os jovens de 16 a 18 anos tirarem o título de eleitor. A fala do líder de extrema direita repete uma teoria, também sem comprovação, que ganhou popularidade nas redes sociais de que a Agência dos Estados Unidos para Desenvolvimento Internacional (USAID) teria interferido no pleito brasileiro.
O presidente americano Donald Trump demonstra seu desejo em encerrar as atividades da agência, o que, segundo ele, seria necessário para reduzir gastos do governo federal.
Bolsonaro alegou que o estímulo aos jovens tirarem título eleitoral "arranjou dois milhões de votos para o Lula", pois, segundo ele, os jovens votam mais na esquerda. Contudo, as campanhas do TSE para estimular jovens a votar são corriqueiras noas anos eleitorais.
O ex-presidente também afirmou ter sido censurado durante as eleições por não ter podido divulgar material de campanha negativo ao seu adversário. Entre os exemplos dados por Bolsonaro está uma suposta ida do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a um evento no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, no qual teria recebido um boné de uma facção criminosa, no qual estaria escrito "CPX", o que, segundo bolsonaristas, significaria "cupincha".
As letras, na verdadem significam "complexo", termo usado para conjuntos de favelas agrupadas em uma região. O termo inclusive é usado pela Polícia Militar do Rio de Janeiro em suas redes sociais. O item foi um presente do fundador do jornal Voz das Comunidades, Renê Silva, nascido e criado no local.
A Resolução 23.610/2019 do TSE proíbe impulsionamento de campanha negativa contra adversários e também determina que imputar falsamente a alguém, na propaganda eleitoral ou para fins de propaganda, fato definido como crime, constitui crime.
É esperado que a procuradoria-geral da República apresente denúncia contra Bolsonaro antes do Carnaval. Ele foi indiciado pela Polícia Federal por "promover, constituir, financiar ou integrar (...) organização criminosa"; tentar abolir o Estado Democrático de Direito, usando violência ou grave ameaça; e tentar depor governo legitimamente constituído.
A mudança de postura do ex-presidente seria motivada por essa denúncia, com uma tentativa de se apresentar como um perseguido político e injustiçado. Isso aliado a baixa popularidade que o governo petista vem registrando nos últimos meses após uma série de crises.
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