Mais de 400 médicos baianos assinaram uma carta em protesto contra o negacionismo que atrapalha as medidas de combate ao coronavírus. No documento, é destacado que o Brasil se tornou o epicentro da pandemia no mundo.
“Para se ter uma ideia do desastre sanitário brasileiro, a população do país corresponde a 2,7% da população mundial e os óbitos representam 10% do total das mortes ocorridas em decorrência da covid-19. Nos últimos dias, cerca de 25% das mortes notificadas no mundo foram de brasileiros e brasileiras”, diz trecho da carta.
No documento, os médicos ressaltam que enquanto em vários países têm sido adotadas medidas de controle e de combate à pandemia, “aqui as medidas são boicotadas por um governo negacionista, e incompetente cuja atitude acelera a propagação da doença ao não seguir as recomendações baseadas na ciência, confundindo a população e criando falsas polêmicas que aprofundam a atmosfera de caos”.
Para a categoria que assina a nota, a Associação Médica Brasileira (AMB) e várias Sociedades de Especialidades têm assumido posição em defesa da vida e do cuidado à saúde com base na ciência. “Têm reiterado que medicações como hidroxicloroquina/cloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e colchicina, entre outras drogas, não possuem eficácia científica comprovada de benefício no tratamento ou prevenção da covid-19, propondo o banimento da utilização desses fármacos”, diz outro trecho do documento.
Mas a atuação do Conselho Federal de Medicina (CFM) é criticada: “assumiu a postura de completo alinhamento com o governo federal, minimizando o problema, omitindo-se quanto ao banimento das medicações sem efetividade comprovada, criticando o lockdown, e enaltecendo a desastrosa atuação do Ministério da Saúde”.
Para esses médicos, o CFM se afasta do próprio Código de Ética Médica que orienta os médicos a observar as práticas cientificamente reconhecidas e respeitada a legislação vigente.
“Mais ainda, ao se posicionar contrariamente à implementação das únicas medidas comprovadamente eficazes no combate à epidemia, e ao estimular ou se omitir diante da adoção, por médicos, de tratamentos medicamentosos sabidamente ineficazes no enfrentamento à covid-19, ademais, prejudiciais à saúde, o CFM atua confundindo a categoria médica e a população, contribuindo com o caos social e sanitário que se instaurou no país”, argumentam.
Os médicos também destacam que “é cada vez mais evidente a responsabilidade do presidente da República pelo quadro de descontrole da pandemia no país. Há farta documentação comprobatória que, inclusive, fundamenta pedidos de impeachment. Em todos os cantos, já há o reconhecimento, por parte da população, que esse comportamento indigno para o líder de uma nação, é o fator principal para o aumento considerável do número de casos e mortes”.
Na carta, as médicas e médicos apoiam o posicionamento da AMB e repudiam a postura do CFM de negação da ciência e alinhamento com as medidas do atual governo. Por fim, no documento, os profissionais reafirmam a defesa da vida e do cuidado à saúde baseado na ciência, defendendo:
Adoção rigorosa de medidas que reduzam a transmissão da doença, como a proibição de aglomerações, o uso obrigatório de máscaras, e as restrições à circulação de pessoas, incluindo o lockdown.
Garantia do auxílio emergencial de R$ 600,00 para trabalhadores informais, microempreendedores individuais, autônomos e desempregados, e de créditos para que as pequenas e médias empresas mantenham empregos e salários, enquanto durar a pandemia.
Vacinação urgente e para todos, conduzida pelo SUS, obedecendo as prioridades definidas com base em critérios éticos e epidemiológicos.
Banimento do uso de medicações que não possuem eficácia científica comprovada no tratamento ou prevenção da covid-19.
Apoio às iniciativas de governadores, parlamentares e prefeitos visando à ampliação da rede de assistência e vigilância à saúde, aquisição de vacinas e demais medidas de proteção à saúde da população.
Compromisso das entidades médicas com a saúde da população e com a medicina informada por evidencias científicas.
BNEWS
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