São Paulo – Um menino negro de 7 anos foi acusado de comer um pacote de bolachas sem pagar na loja Magic Doces, em Cidade Tiradentes, bairro da zona leste de São Paulo, na última quinta-feira (22). Nenhuma câmera de segurança registrou o ocorrido, como a empresa admitiu depois (veja nota abaixo).
A comerciante Giovanna Santos de Oliveira Brasil, de 25 anos, mãe do menino, gravou a reação do garoto após o episódio e chorou diante da câmera. O vídeo viralizou nas redes sociais. “Não roubei nada”, disse o garoto.
A mãe contou no vídeo que havia gasto R$ 500 em doces na loja para fazer uma festa de aniversário para o filho, que acabara de completar 7 anos. Ela contou que um funcionário da loja, um homem branco, abordou a família no caixa para falar sobre a suspeita de furto. Ele teria dito que a ação fora filmada pelo circuito interno de câmeras.
“Eu tô aqui esperando ele mostrar a filmagem do meu filho roubando, porque eu sei o filho que eu tenho”, disse, chorando. “A gente acabou de gastar 500 reais aqui e ele [funcionário] falou que meu filho roubou uma coisa de 2 reais.”
Em nota, a loja tratou o caso como um “incidente” e afirmou que, após análise detalhada das imagens de segurança, ficou comprovado que o menino não furtou nenhum produto.
O advogado da família, José Luiz de Oliveira Júnior, afirmou ao Metrópoles que vai entrar com uma ação de indenização por dano moral e material, além de entrar com representação em âmbito criminal por racismo.
A mãe da criança procurou a Polícia Civil, que registrou a ocorrência somente como “calúnia” no 44º Distrito Policial (DP), Guaianases.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que a polícia vai analisar os vídeos e que, no decorrer da investigação, o crime a ser apurado pode mudar. O caso é investigado pelo 54° Distrito Policial (Cidade Tiradentes), responsável pela área.
“Todas as imagens do local foram coletadas e são analisadas. A mãe do menor já foi notificada a prestar esclarecimentos, visando auxiliar na investigação. O inquérito apura o crime de calúnia, podendo ser alterado ao decorrer das investigações, conforme novas evidências”, disse a SSP em nota ao Metrópoles.
Após a repercussão do caso, a Magic Doces desativou seus perfis nas redes sociais. O Metrópoles tentou contato com a loja e com seu advogado, Alexandre Aivazoglou, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. O espaço está aberto para manifestação.
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