Nesta semana, o Nubank, maior fintech do Brasil, alertou sobre o “bug do PIX”. Nesse caso, os golpistas publicam fotos e vídeos nas redes sociais mostrando uma suposta falha no Banco Central que devolveria em dobro do valor de transações aos emissores.
Nesse golpe, os criminosos dizem que é preciso fazer transferências para chaves específicas. Assim, acreditando no erro do PIX, vítimas fazem uma transferência de R$ 100, por exemplo, na expectativa que R$ 200 retornem a sua conta, quando, na verdade, estão sendo vítimas de uma ação criminosa.
Segundo dados da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), 70% das fraudes financeiras estão vinculadas à engenharia social, uma manobra psicológica em que estelionatários induzem pessoas a fornecerem informações pessoais em troca de algo.
Um dos golpes mais registrados pelos bancos e redes sociais é o conhecido “golpe do zap”. Nele, os criminosos sequestram contas dos usuários do WhatsApp e as usam para pedir dinheiro aos amigos e familiares das vítimas.
De acordo com o mensageiro, não há uma estimativa de quantas pessoas já caíram nesta ação, mas é bem provável que a maioria dos brasileiros conheça alguém da sua lista de contatos que já tenha passado por isso.
Seja no “golpe do zap” ou no “bug do PIX”, recuperar o valor perdido não é uma tarefa fácil. Segundo os bancos, uma vez que os bandidos retiram o dinheiro da conta bancária, é quase impossível que a vítima o tenha de volta.
Além disso, as instituições avaliam caso a caso para ver se a vítima tem direito ao estorno do valor, já que a transferência dos valores foi feita de forma ativa, sendo a pessoa responsável por movimentar sua conta bancária.
Os bandidos recorreram ao PIX justamente por sua característica ágil. Antes, quando as transferências eram realizadas por meio de DOC ou TED, havia um tempo de processamento, quando as pessoas poderiam solicitar o cancelamento junto ao banco.
Agora, com o novo sistema, o dinheiro entra na conta do destinatário em alguns segundos, o que impede que o bloqueio da operação seja feito e permite ao criminoso retirar a quantia antes mesmo da vítima perceber que foi enganada.
Como prevenir:
A dica inicial é: desconfie. Para o caso de um conhecido pedir dinheiro emprestado, é indispensável ligar para o seu contato e averiguar se, de fato, é ele do outro lado da linha.
“Se tem alguém pedindo dinheiro, sempre desconfie, ligue para a pessoa. Se certifique que é mesmo o seu contato quem está conversando com vocês”, destaca Marcelo Chiavassa, professor de Direito Digital da Universidade Mackenzie.
A mesma lógica vale para o golpe do dinheiro em dobro. Sempre que houver uma proposta de dinheiro fácil, a desconfiança deve ser ainda maior, acrescida de um contato imediato com a instituição bancária, que está preparada para prestar informações sobre possíveis erros de sistema.
Para quem usa o WhatsApp, a plataforma afirma que a melhor maneira de se prevenir é ativando a autenticação de dois fatores, que promove uma camada de segurança a mais para a conta, por meio de um cadastro de senha ou e-mail.
Caí no golpe, e agora?
Conforme explica Chiavassa, depois de identificar que caiu em um golpe, a primeira atitude a se tomar é avisar ao banco sobre a transação e o golpe. Em seguida, fazer um boletim de ocorrência, notificando a Polícia sobre do crime.
Segundo ele, se a investigação achar os culpados, ótimo, mas não há muito o que se fazer caso contrário. Ele diz que as instituições financeiras, de maneira geral, não podem ser responsabilizadas por uma ação ativa da pessoa, quando não há erro dentro da plataforma bancária.
“Os bancos não têm responsabilidade direta sobre isso. Eles são responsáveis por golpes que acontecem dentro de seus sistemas, seja no aplicativo do banco, ou no site da instituição. Se o erro (de transferir o valor) foi do usuário, a instituição não pode ser culpada”.
Mas ele diz que o cliente pode notificar a empresa sobre o ocorrido para tentar reaver o prejuízo, apresentando o número da conta ou da chave PIX para onde o dinheiro foi transferido. Nada assegura, porém, a devolução, porque os criminosos podem ter usado os dados de uma pessoa que nem sabe da ação.
“Muitos deles usam contas laranjas. Então, pode ser um cartão clonado, a conta de alguém que morreu ou de alguém que sequer saber que também está sendo vítima disso”, explica.
Para quem teve o perfil roubado, o WhatsApp sugere os seguintes passos: solicitar a verificação da conta via SMS, reinstar o aplicativo; notificar amigos e família, principalmente por telefone; contatar a equipe do mensageiro, mandando um e-mail para support@whatsapp.com; e ampliar a camada de segurança, ativando a confirmação de duas etapas.
Instituições contra ações criminosas
Sobre o “bug do PIX”, o Banco Central garante que nenhum cliente tenha sido lesado por erros no sistema das instituições participantes do sistema, já que nenhum processo interno do órgão apresentou falha desde o início da operação, em 16 novembro.
“No caso de algum estelionatário utilizar o PIX como mote para induzir o cidadão a erro, cabe ao prestador de serviço de pagamento a análise do caso de fraude e o eventual ressarcimento, a exemplo do que ocorre hoje em fraudes bancárias” diz o BC em nota.
Já a Febraban diz que, juntos aos bancos, investe em campanhas de conscientização em seus canais de comunicação com os clientes para orientar a população a se prevenir de fraudes.
“Os bancos investem cerca de R$ 2 bilhões por ano em sistemas de tecnologia da informação (TI) voltados para segurança, valor que corresponde a cerca de 10% dos gastos totais do setor com TI para garantir a tranquilidade de seus clientes em suas transações financeiras cotidianas”, enfatiza.
O WhatsApp, por sua vez, diz que oferece mecanismos para que usuários se protejam de golpes na plataforma. “Caso um usuário receba uma mensagem de um criminoso tentando se passar por um contato, é preciso reportar a conversa à plataforma, por meio da opção “denunciar”, que fica no menu do aplicativo”.
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