Quando uma das enganadas desconfiou, a rede de mentiras foi desmantelada e uma enxurrada de ocorrências registradas em diferentes delegacias da Polícia Civil do DF. O modus operandi do estelionatário era sempre o mesmo: conhecia as vítimas por meio de um aplicativo de relacionamento – normalmente o Tinder – ou por intermédio de amigos em comum. Sedutor, o larápio logo passava a fazer parte da vida delas.
Depois de alguns meses de namoro, o golpista colocava em prática a estratégia para arrancar dinheiro. Apesar de supostamente integrar as fileiras da PMDF ou da PMGO, o estelionatário fingia estar com as contas bancárias bloqueadas. “Ele ganhava a confiança, era carinhoso, amoroso, e fazia todas as vontades. Depois de algum tempo, começava a pedir R$ 2 mil, R$ 3 mil, e até carros”, contou uma empresária ouvida pela coluna que passou dois anos namorando o golpista e perdeu R$ 26 mil.
Veja fotos do falso policial do Tinder:
Empréstimos
Uma das vítimas do falso policial chegou a comprar um carro e fazer dois empréstimos bancários de R$ 5 mil para ele. “Antes disso, já tinha emprestado R$ 2,5 mil. Sempre quando chegava a data para quitar o pagamento, ele inventava uma desculpa”, contou a ex-namorada, em depoimento à PCDF.
Antes de descobrir o golpe, a vítima tentou renegociar os empréstimos junto ao banco e recebeu uma proposta para pagamento de 69 parcelas, no valor de R$687. O relacionamento acabou, mas a mulher permanece pagando as prestações. “Cheguei a trocar um Pálio que eu tinha por um Onix para ele trabalhar nas horas vagas como motorista de aplicativo e ajudasse a pagar a dívida. No entanto, ele nunca trabalhou”, contou.
Até a mãe de uma das mulheres perdeu dinheiro quando o falso policial pediu R$ 1 mil emprestado. Como nos outros casos, a mãe da vítima também amargou o prejuízo e não recebeu de volta o valor emprestado. As desculpas dadas pelo falso policial eram sempre as mesmas: as contas estavam bloqueadas e ele não poderia fazer saques.
Arma de pressão
Quando fingia ser policial do DF, o golpista dizia para as mulheres que integrava o Grupo Tático Operacional (GTOp) ou então a unidade especializada Grupo de Patrulhamento Tático (GPT) da Polícia Militar de Goiás. Nas redes sociais, o golpista fazia questão de usar camisas com o emblema das forças.
O “Dom Juan” também fazia questão de ostentar uma suposta arma de fogo. Muitas vezes com a pistola na cintura, o falsário esquecia de dizer para as mulheres que se tratava de uma réplica de airsoft. Da mesma forma, as roupas táticas, uniformas e blusas com brasões das forças policiais também eram falsos.
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