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quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Entenda por que o peixe fresco está caro e foge do cardápio da população

Redação VN
redacao@varelanoticias.com.br
(Foto: Varela Notícias)
Colocado no mesmo escalão da carne vermelha na pirâmide alimentar brasileira, o peixe é apontado como um dos principais componentes da alimentação mundial segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), principalmente em países abaixo da linha do Equador.
Na teoria, os países com fácil acesso ao mar possuem vantagem nesse mercado que, segundo dados da FAO, produz cerca de 158 toneladas anuais, ou seja, um movimento econômico de cerca de 600 bilhões de dólares (R$ 1,9 trilhão) ao ano. Na prática, a situação é muito diferente. O Brasil sequer figura entre os 20 primeiros colocados na lista de consumidores e exportadores. Ranking liderado pela China. Uma situação que tem reflexo em Salvador. Viver do pescado na capital baiana está cada dia pior, como foi relatado ao Varela Notícias por pescadores artesanais. 
“Está muito difícil a situação. Embarcações que vêm do norte, voltadas para pescaria industrial exploram o nosso litoral em uma faixa onde a Marinha não nos permite chegar. Raspam das pedras o nosso peixe de primeira, além dos de cima d’água, que vêm de fora, como o atum. Ficam a 200 milhas e acabam com tudo. Não sobra nada para a gente”, reclama o pescador Roberto Vieira.
(Foto: Varela Notícias)
Em sua opinião, a profissão de pescador é prensada por indústrias de exploração da pesca que deveriam atuar na aquicultura e piscicultura, devido à estrutura de grande porte. Diante deste fator, comprar peixes congelados em supermercados passou a ser comum e o consumo de peixe fresco passou a ser raro em uma cidade onde a orla possui mais de 1,2 mil km de comprimento. Tradição quebrada, peixarias fechadas e pescadores sem trabalho.
Previdência
Criado com o intuito de prover o sustento do pescador profissional durante o período de proibição da pesca (desova), o seguro-defeso consiste no pagamento de um salário mínimo pelo período de 5 meses. Um benefício previdenciário que embora tenha sido aprovado no Congresso, divide opiniões no Superior Tribunal Federal (STF). Chegou a ser suspenso pela casa e restituído em seguida. Um cabo de guerra onde a corda só arrebenta do lado mais fraco.
“O defeso foi interrompido por uns tempos aí devido ao que está acontecendo com o governo, com o país. Mas não entrava nada por mês. Eram duas parcelas referentes ao período sem pescar. Aqui na Pituba teve muita gente que não recebeu. Eu mesmo nunca vi esse dinheiro. Na verdade nem conheço quem tenha recebido”, afirma Vieira.
(Foto: Varela Notícias)
Para ter o benefício concedido, o pescador precisa comprovar sua atividade profissional, mas não é assim tão simples. “É só para quem pesca robalo, camarão ou lagosta. Quem pesca os três, recebe os três. Quem não pesca nenhum desses, não recebe nada. Aqui em Salvador ninguém tem benefício por lagosta porque só pode pescar no sul do país”, explica o pescador Álvaro Luis.

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