Andrea Trindade
Neste período de quarentena, iniciado no dia 21 de março em Feira de Santana para controle da disseminação da Covid-19, foram registrados no município 54 assassinatos. O número é maior que no mesmo período do ano passado, quando ocorreram 36 Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs).
Partindo da conjectura sobre a forma como os homicídios são praticados em via pública, supõe-se que isolamento social ajudaria a reduzir esses índices, e que o aumento aponta o descumprimento da recomendação de ficar em casa. Por outro lado, é preciso uma análise mais aprofundada para associar ou não esse aumento, neste período, ao contexto da pandemia, principalmente porque esse índice já vinha aumentando desde 2019.
Foto: Aldo Matos/Acorda Cidade
Para o delegado Roberto Leal, coordenador regional de polícia (1ª Coorpin), esse número de CVLIs é preocupante, e a polícia tem realizado ações para reduzir esse índice. Segundo ele, a presença das pessoas nas ruas favorecem os homicídios, porém não vai explicar toda a complexidade que envolve o aumento da criminalidade em Feira.
“Alguns desses homicídios, como a gente diz aqui, é o momento da oportunidade. Um desafeto já o procura e aproveitou aquele momento que foi visto em via pública e acabou cometendo o crime. Eu acredito que sim [que o descumprimento do isolamento social tenha favorecido]. É um dos fatores que acaba contribuindo, mas não vai exclusivamente explicar todo um fenômeno do aumento aqui da criminalidade”, informou em entrevista ao Acorda Cidade.
Liberação do conjunto penal
Questionado sobre o fato de ter detentos do Conjunto Penal de Feira de Santana liberados do presídio por conta da pandemia, possa ser um dos fatores motivadores deste aumento, o delegado indicou que sim.
“Um fato só não vai explicar a motivação de tantos casos em Feira de Santana, mas sim, a gente entende que a liberação pode ter ocasionado esses meios necessários para o cometimento do crime. A gente sabe que essas pessoas são inseridas em alguns grupos de criminosos. Quando elas saem - sabendo que recebem alguma determinação ou têm problemas que ocorreram durante a permanência no presídio ou mesmo rixas anteriores -, vão para a rua e acabam cometendo novamente os crimes. São criminosos, pessoas que estão à margem da lei. A saída é um dos itens que a gente pontua pelo aumento da criminalidade”, destacou.
A Polícia Civil já cumpriu, neste mês, mais de 11 mandados de prisão de envolvidos com o homicídios. O deleagdo também destacou o trabalho das polícias Militar, Federal e Rodoviária Federal na apreensão de drogas e prisões de criminosos.
Com informações do repórter Aldo Matos do Acorda Cidade
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