Neste sábado (29), os profissionais de imprensa da Bahia receberam a triste notícia da morte de mais dois colegas por conta da covid-19: Erlan Dantas, da Rádio Educadora 104,9 FM de Itamaraju e Chico Silva, da Rádio Recôncavo, de Santo Antonio de Jesus. Outros dois colegas do Extremo Sul, que trabalhavam com Erlan, também estão doentes.
Comunicadores; Erlan Dantas e Chico Silva que morreram no ultimo sábado (29)
Já são 25 os profissionais de imprensa (jornalistas e radialistas) que perderam a vida por causa da Covid na Bahia, com registro de mais de 400 adoecimentos desde o ano passado. No Brasil, foram a óbito 220 jornalistas, 141 somente este ano. O setor de comunicação é hoje o terceiro maior em desligamentos por morte no país, com 124% de crescimento se comparados o primeiro trimestre de 2021 com o mesmo período de 2020. Os dados foram levantados pelo Dieese junto ao Caged (Cadastro Geral de Emprego e Desemprego do Ministério da Economia).
No dia 18 de maio, compreendendo o grave quadro epidemiológico observado na categoria, a CIB (Comissão Intergestores Bipartite), comitê formado pelo secretário Estadual de Saúde e secretários municipais, atendeu pleito feito pelo Sinjorba e aprovou a inclusão dos profissionais de imprensa – com mais de 40 anos e que estejam na linha de frente – nas prioridades de vacinação contra a Covid-19 na Bahia.
Lamentavelmente, muitas prefeituras ainda não iniciaram a imunização deste grupo por conta de uma “recomendação” do MPF (Ministério Público Federal), do dia 19 de maio, para que estas não cumprissem a definição do comitê de secretários de saúde. Desde então, mais quatro profissionais de imprensa perderam a vida na Bahia (em Juazeiro, Xique-Xique, Itamaraju e Santo Antonio de Jesus) e muitos outros adoeceram.
Recomendação equivocada
O presidente do Sinjorba, Moacy Neves, questiona a “recomendação” do MPF. “É incompreensível a postura do Ministério Público, pois apesar de alegar o respeito ao plano nacional de imunização, o órgão vai de encontro ao que preconiza o documento e o decreto federal 10.288, que tornou a imprensa serviço essencial durante a pandemia”, reclama ele.
Moacy se refere ao Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação, que em sua página 27 diz que dentre os objetivos da imunização, em um momento inicial, está a proteção da força de trabalho dos serviços essenciais. “Ora, se esse é um objetivo prioritário e a imprensa é serviço essencial, evidente que a recomendação do Ministério Público Federal está equivocada”, afirma ele.
Para o presidente do Sinjorba, a fim de evitar novas mortes de jornalistas e radialistas e respeitar o decreto e o plano, o Ministério Público deveria suspender sua recomendação e determinar ao Ministério da Saúde que corrija a relação dos grupos prioritários de vacinação, seguindo o decreto 10.288, que definiu os serviços essenciais na pandemia.
O presidente do Sindicato diz que se isso não for resolvido logo, não restará alternativa à entidade do que convocar a categoria a não realizar mais trabalho presencial. “Enquanto as prefeituras não vacinam jornalistas e radialistas que estão na linha de frente da cobertura da pandemia, a categoria vive uma tragédia dentro da tragédia. Não queremos essencialidade para morrer”, finaliza Moacy Neves.
Fonte: Sinjorba
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