As principais autoridades envolvidas no combate ao
coronavírus no Brasil cobraram neste domingo (29) uma nova reação do ministro
da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, ao passeio de Jair Bolsonaro por
Brasília um dia após o Ministério da Saúde reforçar
novamente o isolamento social.
A saída de Bolsonaro foi vista por aliados de Mandetta como uma
nova provocação do presidente — a primeira foi o pronunciamento na TV —
às diretrizes do Ministério da Saúde para forçar o ministro a pedir demissão.
No sábado, como o blog publicou, o ministro disse a Bolsonaro, em
reunião privada, que não pedirá demissão. Mandetta disse
que, se Bolsonaro quiser, pode demiti-lo. Disse também que, toda vez que o
presidente contrariasse normas técnicas, ele, Mandetta, iria desautorizar o
presidente publicamente.
Após a conversa, Mandetta reforçou, durante entrevista coletiva, a
necessidade de isolamento social. Neste domingo, Bolsonaro ignorou o ministro e
saiu pelas ruas de Brasília, defendendo o fim do isolamento.
Governadores e parlamentares, incluindo a cúpula do Congresso,
aguardam reação do ministro nesta segunda. Eles argumentam também que ele errou
na crítica à imprensa, e que deveria se desculpar.
O grupo que está na linha de frente das medidas do combate ao
coronavírus acredita que a ala militar do governo é quem tem pedido a Mandetta
para “segurar as pontas” para que a crise não desande de vez. Para eles, a
situação pode piorar se o ministro e toda a sua equipe saírem do governo.
Além disso, já está em discussão uma ação preventiva para evitar
que um eventual decreto de Bolsonaro seja colocado em prática suspendendo o
isolamento, o que vai na contramão das medidas que têm sido tomadas no resto do
mundo.
Neste domingo, assessorias jurídicas de parlamentares e
governadores conversaram e decidiram ir à Justiça para barrar eventual decreto
se Bolsonaro levar a ideia adiante.
GLOBO.COM
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