Integrantes da cúpula do Ministério de Infraestrutura estão preocupados com o pouco empenho de empresários e políticos baianos na defesa da FIOL (Ferrovia de Integração Oeste-Leste). Segundo o jornalista Jairo Costa Júnior informou na coluna Satélite do Correio*, no último dia 18, o núcleo-duro da pasta acredita que este é o único ponto vulnerável da obra.
O leilão para subconcessão do trecho 1 da ferrovia está marcado para acontecer no próximo dia 8 de abril, na B3 (Bolsa Brasileira de Valores), em São Paulo. O lote possui 537 km de extensão, sendo que mais de 73,6% desse total já foram executados. O valor mínimo para outorga do trecho é de R$ 32,7 milhões.
A concorrência despertou o interesse de investidores internacionais, em particular chineses, mas também de operadores logísticos nacionais, como a VLI, formada pela Vale, Mitsui, FI-FGTS, Brookfield e BNDES, e a Rumo, do grupo Cosan. Também deu uma injeção de ânimo ao governo da Bahia e a empresas como a Bamin (Bahia Mineração), direta e imediatamente beneficiada com o novo modal.
Adversários do projeto tem feito campanha na opinião pública para retardar o leilão, alegando que o projeto “assusta” a população próxima do Porto Sul em Ilhéus e seria desnecessária, já que o escoamento de minérios vindos de Caetité, principal objetivo deste primeiro trecho, poderia ser feito pela Ferrovia Centro-Atlântica, operada pela VLI.
Segundo apuração da editora da revista In the Mine, Tébis Oliveira, os argumentos são infundados. “Como sempre no Brasil hoje em dia, sobra ativismo e falta diálogo. Há muito Ilhéus não vive de cacau. Caetité e toda a região em seu entorno podem ganhar um IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) muito significativo com a atuação da Bamin, que trará royalties para o município e o estado da Bahia, criará empregos e renda e incrementará o mercado local e regional”.
Em matéria publicada no dia 17 último no site da In the Mine, Tébis também esvazia a tese de que há riscos ambientais envolvidos. Uma vez que a regulação de barragens é hoje muito mais rígida do que jamais foi e a Bamin terá condicionantes de preservação e proteção ambiental a cumprir.
Para o presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), Antonio Carlos Tramm, essa é uma tentativa de sabotagem para impedir a concorrência. “As forças ocultas, que já conseguiram adiar por 10 anos a conclusão da FIOL, dão mais um passo, tentando influenciar a opinião pública e pressionar pela suspensão do leilão. Temos que ver quem tem interesse nisso. Sabemos que Vale e VLI perdem espaço, já que teriam logo de cara uma concorrente no minério de ferro e no modal ferroviário e mais adiante terão concorrência também no transporte de grãos vindos do oeste baiano e do Mato Grosso”, diz Tramm.
Tramm defende que a diminuição de monopólios vai beneficiar a Bahia. “Com a FIOL, nós vamos ter não só um novo trilho cruzando a Bahia, como vamos ter finalmente concorrência entre duas operadoras, o que será benéfico para as empresas baianas. Nós tivemos 30 anos de estagnação no nosso modal ferroviário, que agora a VLI está tentando controlar por mais 30. Ela devia estar cuidando dos trilhos da FCA na Bahia, que estão abandonados, ao invés de estar lutando contra o nosso desenvolvimento”, diz.
A licitação marcada para o dia 8 de abril é considerada o último entrave para que o trecho 1 da FIOL seja concluído. As obras foram iniciadas em 2011.
Este conteúdo conta com o apoio institucional da CBPM.
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