O número é da Secretária de Saúde do Estado da Bahia (Sesab). 40.350 adolescentes com idades entre 10 e 19 anos tiveram, em 2012, o primeiro filho, uma redução se comparado ao ano de 2011, quando 46.611 adolescentes deram à luz. Os dados se referem apenas a crianças nascidas vivas.
Segundo Maria José Souza Silva, enfermeira habilitada em obstetrícia e que faz parte da equipe da assessoria da Superintendência da Sesab, a diminuição no número de partos é decorrente do projeto de assistência e atenção à saúde da adolescente, realizado pela Sesab em parceria com o Ministério da Saúde e Organização Pan-Americana de Saúde (OPA), implantado em 2009 e intensificado em 2010 nas maternidades públicas de Salvador.
Com a implantação do programa as adolescentes passaram a ter maior acesso a ações específicas como o planejamento reprodutivo, que tem como principal objetivo de orientá-las a evitar uma gravidez indesejada, além de prevenir uma segunda gestação.
As adolescentes têm acesso a psicólogos, enfermeiros, médicos e assistentes sociais. Em encontros, são discutidos temas ligados à prevenção da gravidez, doenças sexualmente transmissíveis e hábitos saudáveis de vida para promoção da saúde de um modo geral.
De acordo com Maria José Silva, uma pesquisa realizada em 2010 dentro de uma maternidade pública da capital apontou que a idade média das adolescentes grávidas era entre 15 e 16 anos, sendo que desse total 50% estavam solteiras, 36% se declararam negras, 13% brancas e 50% viviam com os pais.
Ainda de acordo com a especialista, 22% do atendimento na maternidade no mesmo período eram destinados às adolescentes, sendo que em 2009 foram realizados 786 partos e em 2010 foram feitos 747.
“Com a intensificação do projeto dentro das maternidades, houve uma demanda considerável de adolescentes em busca dos serviços”, disse a enfermeira.
Para a psicóloga e professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Juliana Prates Santana, a gravidez na adolescência, embora inoportuna, nem sempre é indesejada.
Segundo a psicóloga, um dos fatores que contribuem para a gravidez na adolescência é a falta de informações qualificadas e a dificuldade de diálogos com pais e professores. Ainda de acordo com a especialista, a maternidade precoce pode ocasionar problemas para a adolescente principalmente por ser uma fase em que ela está descobrindo o próprio corpo.
Em muitos casos, abandonar a escola, perder o contato com amigos da mesma idade, ver o corpo transformado após a gravidez e, muitas vezes, ter sido abandonada pelo pai da criança são alguns dos fatores que impactam na autoestima da garota, o que pode comprometer o vínculo entre a mãe adolescente e o seu bebê.
“A rejeição após o parto apresenta ainda mais chances de ocorrer entre as mães adolescentes, que acabam por projetar na criança as frustrações da maternidade sem nenhuma experiência, de fases interrompidas, mudanças no corpo e, muitas vezes, anos de estudos prejudicados.
IG
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