Por falta de recursos, a linha de financiamentos conhecida como Pró-cotista, uma das que usam o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), não será mais feita pela Caixa Econômica Federal por tempo indeterminado. O banco confirmou a informação e apontou esgotamento de recursos administrados pelo Ministério das Cidades para justificar a suspensão. O tipo de crédito é visto como um dos principais do Sistema Financeiro de Habitação e o corte pode afetar diretamente as classes baixa e média da população.
O Programa Especial de Crédito Habitacional ao Cotista do FGTS (Pró-Cotista) destina recursos para financiamentos destinados a trabalhadores com conta vinculada ao FGTS para a compra ou construção de moradia própria de até R$ 400 mil. A linha financia até 85% dos valores contratados nesta faixa de preço.
Em nota enviada, a Caixa, que é responsável por 70% do mercado de financiamento imobiliário no País, informou que o Ministério das Cidades aplicou a totalidade do recurso disponível para contratação nessa linha de financiamento e que foi feito o pedido de suplementação e aguarda autorização. A Caixa afirmou ainda que todas as operações já aprovadas estão sendo honradas. Procurado pela reportagem do CORREIO de Uberlândia, o Ministério das Cidades não respondeu até o fechamento dessa edição.
A suspensão não era esperada pelo mercado, mas vai afetar os negócios no mercado da construção. O presidente do Sindicato da Indústria de Construção Civil do Triangulo Mineiro e Alto Paranaíba (Sinduscon-TAP), Panayotes Tsatsakis, disse que essa contenção de crédito vai afetar boa parte das vendas dentro do maior grupo de imóveis hoje disponíveis, cujos valores ficam entre R$ 140 mil e R$ 250 mil. “Ainda não dá para mensurar a queda nas vendas, mas é uma notícia ruim para um ano em que necessitaríamos vender para recuperar o ano de 2015.”
A reportagem do CORREIO consultou três corretores que informaram que a suspensão da linha de financiamento vai afetar, principalmente, compradores do segundo imóvel, sejam eles de classe baixa ou média. O assistente jurídico do Sindicato da Habitação (Secovi), Wagner Costa, explicou que, além da possibilidade de uso do FGTS, a linha tem boas taxas de juros, que variam de 7,85% a 8,85% ao ano.
A suspensão da linha de financiamento Pró-Cotista via Caixa Econômica Federal pode fazer com que o mercado fique estagnado para imóveis cujos valores vão até R$ 400 mil. A avaliação é do economista André Luiz Carvalho de Queiróz, que explicou que, por se tratar de uma linha muito usada e que a Caixa tem quase que totalidade dos financiamentos do tipo, o negócio se tornaria inviável.
O economista ainda citou que nem todos os bancos têm linhas de crédito parecidas e, no caso das instituições privadas, os juros poderiam atingir 25% ao ano enquanto a linha da Caixa varia de 7,85% a 8,85% ao ano.
Crédito aplicado em 2015 foi 23% menor
A restrição de crédito dos bancos fez com que a regional de Uberlândia da Caixa Econômica Federal aplicasse 22,8% menos recursos em 2015 no setor imobiliário. Isso significou 1.684 contratos a menos no último ano.
De acordo com dados do banco, em 2014, foram aplicados R$ 916,7 milhões no crédito imobiliário, incluídos os subsídios concedidos, em um total de 6.280 unidades habitacionais. No ano passado, a aplicação foi de R$ 707,4 milhões em 4.596 unidades habitacionais.
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