Se dor existia, ela foi muito bem disfarçada. A coxa direita tinha um estiramento leve, mas e daí? Lucarelli saltava e a protegia do jeito que podia. Se as costas haviam ficado travadas um dia antes, Lipe dava um peixinho e esquecia do problema. O Brasil precisava deles para derrubar a Rússia. Precisava usar mais inteligência do que força para fazer os gigantes caírem em quadra. Achou a medida certa no saque, não enfrentou o bloqueio, exatamente do jeitinho que Serginho tinha cantado a pedra. Nesta sexta, com uma atuação segura no Maracanãzinho e 18 pontos de Wallace, a seleção pôs fim ao sonho do bicampeonato dos carrascos de Londres, em 2012. Fez mais. Com a vitória por 3 sets a 0 (25/21, 25/20 e 25/17) chegou à sua quarta final olímpica consecutiva. Feito nunca alcançado por uma outra equipe.
Depois das duas pratas em Pequim 2008 e Londres 2012, o Brasil ganhou nova chance de fazer a alquimia. Para voltar ao alto do pódio depois de 12 anos, terá de passar pela Itália na final. Na fase de classificação a Azurra levou a melhor. O reencontro será neste domingo, às 13h15. Antes, às 9h30, americanos e russos lutam pelo bronze. Na última vez em que o Brasil conquistou a medalha de ouro, em Atenas 2004, quem estava do outro lado da rede também era a Itália.
Jogadores do Brasil comemoram muito a vitória sobre a Rússia e a vaga na final (Foto: Ricardo Moraes/Reuters)
- Foi o nosso melhor jogo. Esperar 3 a 0 contra a Rússia ninguém nunca espera. Foi um placar um pouco mais elástico do que o esperado. Muito em razão de nossa regularidade. Jogamos bem, com inteligência. Cometemos pouquíssimos erros, principalmente em sequência de jogo, coisa que vínhamos fazendo antes, e conseguimos quebrar muito bem a parte ofensiva deles com o saque - disse Lucão.
Wallace mais uma vez foi o maior pontuador da partida com 18 acertos. Lucarelli e Lipe contribuíram com 10 e oito, respectivamente. Da arquibancada, a bicampeã olímpica recém-aposentada, Yelena Isinbayeva, viu seus compatriotas atônitos diante da pressão imposta pelos donos da casa. Na mesma noite da final feminina do salto com vara, a recordista mundial passou longe do Engenhão.
- Estamos satisfeitos e muito felizes pela quarta final seguida. Não me lembro de outro país que tenha feito isso. É algo grande, ainda mais jogando contra equipes desse nível. Acho que jogamos com inteligência nessa semifinal. Não cometemos muitos erros no ataque. E não tentamos atacar toda hora com força porque sabemos que a Rússia é muito forte no bloqueio. Tentamos mudar nosso estilo de jogo e acho que essa foi a chave para nossa vitória - elogiou Bruninho.
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