Gabriel Jesus estreia nesta quinta-feira nos Jogos Olímpicos (Foto: Lucas Figueiredo / MoWA Press)
Dia 4 de março de 2015. O Palmeiras de Oswaldo de Oliveira entrava em campo para o aquecimento no estádio Lomanto Júnior, minutos antes da estreia da equipe alviverde na Copa do Brasil, contra o Vitória da Conquista, na Bahia.
Mesmo com Dudu, Fernando Prass, Allione, Arouca, Gabriel, Robinho e Cristaldo no time titular, a atenção dos palmeirenses que lotaram o espaço destinado aos visitantes ficou voltada para um tímido garoto. Era apenas sua segunda oportunidade no elenco profissional.
O menino era Gabriel Jesus...
Promessa das categorias de base do Verdão, ele já havia sido convocado por Ricardo Gareca, em 2014, para completar o banco no jogo de ida oitavas da Copa do Brasil, contra o Atlético-MG. Só que o técnico argentino não o colocou.
Quis o destino que Jesus nascesse para os palmeirenses no interior da Bahia.
Eu estava em Vitória da Conquista naquela noite. A recepção da torcida e a curiosidade sobre o atacante, na época com 17 anos, já impressionava. Foi lá, no esburacado e simpático Lomanto Júnior, que ele começou a escrever sua história no clube.
Depois de receber com timidez o apoio da arquibancada, durante o aquecimento, Gabriel Jesus acompanhou a partida no banco de reservas, ao lado do amigo João Pedro. Antes do início da partida, o atacante seguiu a torcida e cantou em voz baixa o hino palmeirense.
Como se fosse um torcedor ansioso pelo início da partida.
A estreia como profissional, porém, foi adiada em alguns dias - Oswaldo de Oliveira deu ao atleta a primeira oportunidade na equipe no fim de semana seguinte, contra o Bragantino, na arena. Mesmo sem entrar em campo, ele foi o protagonista.
Tímido, Gabriel Jesus foi ovacionado pelos torcedores em Vitória da Conquista, mesmo do banco (Foto: Felipe Zito)
Deu para perceber desde o início que Gabriel Jesus tinha algo de diferente. Ele sempre causou expectativa entre os torcedores, principalmente os mais jovens. Chamou a atenção pela personalidade tranquila e, ao mesmo tempo, forte. Requisitos básicos para um candidato a ídolo.
17 meses depois, o garoto tímido e de poucas palavras se transformou em uma das maiores revelações do futebol mundial. Da seleção brasileira, que estreia nesta quinta-feira nos Jogos Olímpicos, ele viu Palmeiras e Manchester City oficializarem sua transferência em uma negociação de R$ 121 milhões.
E isso depois de ser disputado por clubes como Barcelona, Real Madrid, Manchester United, Bayern de Munique e Inter de Milão.
Torcedor se emociona ao conhecer Gabriel, em outubro do ano passado (Foto: Felipe Zito)
Mas voltemos um pouco para a Bahia.
Desde lá, tudo aconteceu muito rápido.
O vice-campeonato mundial sub-20 com o Brasil. O primeiro gol como profissional. A titularidade no ataque do Palmeiras. O título da Copa do Brasil. E o prêmio de revelação do Campeonato Brasileiro.
É... Uma avalanche de fatos novos na carreira.
Pode parecer até exagero, mas aos menos nos números, esta temporada já é superior à de 2015.
Com Cuca no comando do Palmeiras, Gabriel Jesus recuperou o estilo goleador que o fez quebrar recordes no sub-17 e ser promovido ao elenco profissional. Em 33 jogos em 2016, ele marcou 19 vezes e é o artilheiro do Brasileirão, com dez gols.
No ano passado, foram 37 partidas e "apenas" sete gols.
Fora de polêmicas e avesso a badalação, o atacante sempre chamou a atenção pela frieza e seriedade. Ou enfrentando adversários mais experientes sem demonstrar nenhuma intimidação, ou para dar sua opinião. Uma prova disso é que, sempre questionado sobre o futuro, nunca fugiu das respostas e sempre afirmou querer se tornar ídolo da torcida palmeirense antes de deixar o clube, garantindo a permanência até o fim do Campeonato Brasileiro.
Já foi chamado até de novo Fenômeno pela imprensa italiana, principalmente por causa da sua ligação com o ex-atacante Ronaldo fora de campo. Exagero? Sim. Ou nem tanto. Ou não. Sei lá.
Gabriel Jesus já tem um caminho traçado para ser grande referência para o futebol brasileiro nos próximos anos.
Agora com data marcada para deixar o Palmeiras e com primeira parte da promessa cumprida - ele só vai se apresentar ao clube inglês em janeiro -, Gabriel Jesus terá tempo para completar a outra parte. A mais importante e esperada pelos torcedores alviverdes: ser ídolo.
O que falta para isso acontecer? Talvez a conquista de um título que não é comemorado pelos palmeirenses desde 1994 seja o suficiente para que um jogador de 19 anos ganhe um espaço especial na galeria craques históricos do Verdão.
Pouco tempo?
Nunca duvide de Jesus.
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