Depois dos problemas iniciais em parte dos apartamentos entregues às delegações, a Vila Olímpica está sob uma nova ameaça de crise. A insatisfação agora não é dos atletas e membros de comissão técnica, mas dos funcionários do local. As queixas vão desde a longa espera nas filas do restaurante e na entrada da Vila até a qualidade da comida, passando pelo desperdício diário de alimento, carga de trabalho acima do contratado e exercício de funções diferentes da determinada na contratação.
Na outra ponta, gerentes reclamam do excesso de funcionários contratados com carteira assinada que desistiram do serviço. Isso teria forçado a contratação, de forma emergencial, de pessoal sem treinamento. Os problemas têm irritado grande parte dos funcionários, mas ninguém quis falar oficialmente. Porém, duas pessoas ouvidas pelo GloboEsporte.com chegaram até mesmo a mencionar a possibilidade de paralisação em parte dos serviços no dia 5, data da Cerimônia de Abertura da Olimpíada – os Jogos começam dois dias antes, com a primeira rodada do futebol feminino.
Filas na entrada dos funcionários que trabalham na Vila dos Atletas (Foto: Thierry Gozzer)
O Rio 2016, entretanto, diz que filas grandes são normais em eventos do porte da Olimpíada, mas ressaltou que elas andam rapidamente e que o tempo de espera é de cerca de 20 minutos. Segundo o comitê, houve um aumento da força de trabalho nos últimos dias por conta da força-tarefa para resolver problemas de última hora, o que pode ter causado aumento nas filas.
O comitê informou também não ter nenhum relato de pessoas que tenham passado mal com a comida, tampouco relatos de gerentes de prestadores de serviço com excesso de faltas nas equipes. O órgão disse ainda que também não houve informação sobre reclamação de pessoas por estarem exercendo funções diferentes do que foi proposto na contratação. A empresa terceirizada responsável pela alimentação também garante desconhecer os problemas relatados.
O local que recebe os atletas teve problemas desde a sua inauguração. Sabotagem por funcionários que trabalharam nas obras insatisfeitos com atrasos de pagamento, furtos de objetos dos quartos (de luminárias a tampas de vasos sanitários), sujeira – incluindo fezes humanas. Problemas que tiveram de ser resolvidos às pressas após equipes estrangeiras, como a da Austrália, se recusarem a permanecer no local.
Refeição feita por um funcionário (Foto: GloboEsporte.com)
– Ando um pouco preocupado com o grau de insatisfação das pessoas com relação ao descaso. Tenho ouvido muitas pessoas falarem de um motim no dia 5, na abertura dos Jogos – descreveu um funcionário que vive o dia a dia da Vila e presta serviços de tecnologia.
O dia começa e rapidamente uma multidão de funcionários se aglomera na avenida Olof Palme, onde a força de trabalho faz "check in" para a entrada na Vila dos Atletas. O entra e sai é grande. Funcionários da madrugada deixam o turno, e os da manhã chegam para trabalhar. Para ter acesso ao local, porém, eles precisam, além da credencial com as suas fotos, de uma segunda, retirada diariamente e recebida de um gerente da empresa terceirizada para a qual prestam serviço. Alguns esperam por até uma hora até conseguir a sua.
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