Shayene Cesário, viúva do ex-presidente da Vila Isabel Wilson Vieira Alves, o Moisés, assassinado a tiros na noite de domingo, foi assaltada, na manhã desta segunda-feira, na Linha Vermelha a caminho do Instituto Médico-Legal (IML), no Centro, para liberar o corpo do marido. Ela estava acompanhada da mãe, Ana Lúcia Cesário. Cerca de 200 policiais civis e militares fizeram esta manhã uma operação na via expressa para conter a criminalidade e o tráfico de drogas no Complexo da Maré.
— Foi tudo muito rápido. Eles pegaram outros carros e vieram roubando tudo. As janelas estavam abertas e eles levaram tudo da minha filha. Só não levaram as minhas coisas porque eu reagi — contou Ana Lúcia Cesário. — Está sendo muito difícil, muito difícil. Está doendo muito. Nós o perdemos e temos que passar por isso. Ainda não tivemos nem cabeça para ver a questão do velório.
No início da tarde, Shayene, a mãe e o filho de Moisés voltaram para o IML. A mãe da viúva do empresário contou que a 17ª DP vai tentar localizar o celular da filha através do rastreador do aparelho. Ana Lúcia lembrou que os parentes querem tentar liberar o corpo hoje para que o enterro aconteça na terça-feira.
'Nenhuma linha de investigação está descartada'
Depois de ouvir o depoimento de Shayene e do filho deles, o delegado adjunto da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) Mario Andrade, responsável pelo caso, afirmou que nenhuma linha de investigação está descartada. Ele contou aque os depoimentos da viúva, que estava com a vítima na hora do crime, e do filho Wilsinho Alves foram tomados logo após o homicídio.
—Tomamos depoimentos do filho e da viúva, e ainda vamos colher novos depoimentos. Novas diligências também vão ser tomadas nos próximos dias. Por enquanto, nenhuma linha de investigação está descartada — disse o delegado.
Moisés foi executado quando parou num posto da Avenida das Américas, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, para abastecer. Ele levava a mulher, musa da Portela, para a quadra da escola, em Madureira, na Zona Norte. Foi baleado no trajeto a pé entre o posto e uma farmácia, onde pretendia comprar medicamentos. Segundo testemunhas, dois homens vestidos de preto e numa moto, da mesma cor, dispararam contra ele e fugiram.
A vítima morreu no local. Peritos e investigadores do Grupo Especial de Local de Crime da Delegacia de Homiícios chegaram logo após o crime. Depois da perícia, o corpo foi liberado para o Instituto Médico-Legal (IML). Em seguida, o local, sujo de sangue, foi lavado.
Na delegacia, a viúva e o filho de Moisés, Wilsinho Alves, se abraçaram em prantos. Um amigo disse que Shayene estava “profundamente abalada”, portanto, sem condições de dar entrevista. Ela contou que também teme pela própria vida dela, por ter testemunhado o crime.
O ex-presidente da Vila Isabel era sargento reformado do Exército. Ele foi para a Vila Isabel, em 2004, convidado por diretores para participar da azul e branco. Pela escola, foi campeão do Grupo Especial em 2006. O filho Wilsinho Alves o substituiu à frente da agremiação, sendo a escola campeã de 2013.
Em abril de 2010, ele foi preso sob a acusação de controlar pontos de máquinas de caça-níquel em Niterói e São Gonçalo. No ano seguinte, ele foi condenado a mais de 23 anos em regime fechado por contrabando, em concurso com os crimes de formação quadrilha ou bando armado e corrupção ativa. Ele deixou a cadeia em maio de 2012, após obter um habeas corpus.
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